Sucesso
e Fracasso
"Se
és homem, ergue os olhos para admirar os que empreenderam
coisas grandiosas, ainda que hajam fracassado". (Lucius Annaeus
Sêneca)
"O
segredo para o sucesso é fazer as coisas comuns incomumente
bem". (John Davison Rockefeller Júnior) .
É
preciso discernimento para reconhecer o fracasso, coragem para
assumi-lo e divulgá-lo e sabedoria para aprender com ele.
O fracasso está presente em nossa vida, em seus mais variados
aspectos. Na discussão fortuita dos namorados e na separação
dos casais, na falta de fé e na guerra santa, na desclassificação
e no lugar mais baixo do pódium, no infortúnio de
um negócio malfeito e nas conseqüências de uma decisão
inadequada.
Reconhecer
o fracasso é uma questão de proporção
e perspectiva. Gosto muito de uma recomendação da
Young President Organization segundo a qual devemos aprender a
distinguir o que é um contratempo, um revés e uma
tragédia. A maioria das coisas ruíns da vida são
contratempos. Reveses são mais sérios, mas podem
ser corrigidos. Tragédias, sim, são diferentes.
Quando
você passar por uma tragédia, verá a diferença.
A história e a literatura são unânimes em
afirmar que cada fracasso ensina ao homem algo que necessita aprender;
que fazer e errar é experiência enquanto não
fazer é fracasso; que devemos nos preocupar com as chances
perdidas quando nem mesmo tentamos; que o fracasso fortifica os
fortes.
Pesquisa
da Harvard Business Review aponta que um empreendedor quebra em
média 2,8 vezes antes de ter sucesso empresarial. Por isso,
costuma-se dizer que o fracasso é o primeiro passo no caminho
do sucesso ou, citando Henry Ford, o fracasso é a oportunidade
de se começar de novo inteligentemente. Dai decorre que
deve ser objetivo de todo empreendedor errar menos, cair menos
vezes, mais devagar e não definitivamente.
Assim
como amor e ódio são vizinhos de um mesmo quintal,
o fracasso e o sucesso são igualmente separados por uma
linha tênue. Mas o sucesso é vaidoso, tem muitos
pais, motivo pelo qual costuma ostentar-se publicamente. Nasce
em função do fracasso e não raro sobrevive
às custas dele - do demérito de outrém. Por
outra via, deve-se lembrar que o sucesso faz o fracasso de muitos
homens... Já o fracasso é órfão e
tal como o exercício do poder, solitário.
Disse
La Fontaine: "Para salvar seu crédito, esconde sua ruína".
E assim caminha o insucesso, por meio de subterfégios.
Poucos percebem que a liberdade de fracassar é vital se
você quer ser bem sucedido. Os empreendedores mais bem-sucedidos
fracassaram repetidamente, e uma medida de sua força é
o fato de o fracasso impulsioná-los a alguma nova tentativa
de sucesso.
É
claro que cada qual é responsável por seu próprio
naufrágio. Mas quando o navio está a pique cabe
ao capitão (imagine aqui a figura do empreende dor) e não
ao marujo tomar as rédeas da situação. E,
às vezes, a única alternativa possível é
abandonar, e logo, o barco, declinando da possibilidade de salvar
pertences para salvar a tripulação. Nestes casos,
a falência purifica, tal como deitar o rei ante o xeque-mate
que se avizinha.
O
sucesso, pois, decorre da perseverança (acreditar e lutar),
da persistência (não confundir com teimosia), da obstinação
(só os paranóicos sobrevivem). Decorre de não
sucumbir à tentação de agradar a todos (gregos,
troianos e etruscos). Decorre do exercício da paciência,
mais do que da administração do tempo.
Decorre
de se fazer o que se gosta (talvez seja preferível fracassar
fazendo o que se ama a atingir o sucesso em algo que se odeia).
Decorre de fabricar o que vende, e não vender o que se
fabrica (qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas
só um gênio é capaz de vendê-lo).
Decorre da irreverência de se preparar para o fracasso,
sendo surpreendido pelo sucesso. Decorre da humildade de aceitar
os pequenos detalhes como mais relevantes do que os grandes planos.
Decorre da sabedoria de se manter a cabeça erguida, a espinha
ereta, e a boca fechada.
Finalizo
parafraseando Jean Cocteau: Mantenha-se forte diante do fracasso
e livre diante do sucesso.
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