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Olhando
para nós mesmos
Quando
modificamos o relacionamento com a gente, mudamos também
com os outros. E para estabelecer relações sólidas
e de afeto com as pes-soas, é preciso estar bem consigo
mesmo".
A
influência da autoestima
Nos últimos anos, a questão da autoestima vem despertando
o interesse de especialistas da área de psicologia. Em
1994, um estudo realizado pela Associação Americana
de Psiquiatria mostrou que a baixaestima pode acar retar uma série
de problemas emocionais, como depressão, bulimia nervosa
carência afetiva, déficit de atenção
e aprendizagem. "São muitos os trans-tornos psicológicos
causados pela desvalorização pessoal.
Nestes
casos, a tendência é que a pessoa enxergue apenas
atribuições nega tivas em relação
a si mesma. Se alguém que sofre de baixaestima pleiteiar
uma vaga de emprego e não conseguir, por exemplo, provavelmente
vai achar que não tinha competência ou capacidade
para a função. Já uma pes soa com autoestima
elevada vai lidar com o problema de outra forma, ou seja, será
capaz de perceber quais os critérios para aquele emprego,
o que faltou para conseguir a vaga e como pode melhorar", explica
Alexandre. No dia-a-dia, é de extrema importância
desenvolver uma valorização pessoal.
Isso
porque a autoestima influencia nas decisões, no jeito de
viver e nas es-colhas de cada um, aumentando o espaço de
vida e o ambiente de percep ção das pessoas. "Quem
tem uma boa autoestima se sente mais encorajado na hora de lidar
com a realidade, percebendo oportunidades e possibilida-des de
maneira mais ampla. Aqueles que tem baixaestima se sentem mais
limitados, como se percebessem um ambiente de oportunidades e
escolhas menor", afirma.
Pontos
positivos
Embora não pareça uma tarefa fácil, é
possível construir uma boa autoesti- ma. Ter consciência
sobre os próprios aspectos positivos e apontar as quali
dades dos outros são pontos fundamentais para desenvolver
uma boa auto-estima. A autoaceitação é outro
fator importante, pois só quem busca uma maior compreensão
de si mesmo é capaz de mudar a partir do reconheci-mento
das próprias limitações e fragilidades. "É
importante perceber que vivemos em uma cultura que estimula a
baixaestima.
Nossa
sociedade trabalha com a hipótese de que o outro vai melhorar
seu desempenho ou a maneira de lidar com a vida caso sejam mostradas
suas falhas, criticadas suas atitudes e apontados os seus defeitos.
Aos poucos, estamos aprendendo que talvez essa não seja
a maneira mais adequada de ajudar as pessoas a construírem
a autoestima. O ideal é reforçar o que a pessoa
tem de positivo e até discutir os pontos negativos. No
entanto, para cada observação negativa é
preciso apontar no mínimo três elogios. Elogiar é
fundamental", explica. Ainda na opinião de Alexandre, é
importante valo rizar o lado positivo de cada um desde a infância,
estendendo essa valoriza ção por todas as etapas
da vida e aos diversos campos de atuação, seja profissional
ou pessoal. "A autoestima deve fazer parte da nossa cultura e
educação.
Na
visão construtivista, por exemplo, o acerto da criança
e a construção do conhecimento são muito
valorizados. Aquela visão do professor com caneta vermelha
apontado os erros da criança está sendo superada.
Precisamos levar esta experiência para todos os campos,
inclusive para empresas e organizações, sempre fortalecendo
o que cada um tem de melhor", afirma.
Sem
comparação
No extremo oposto da desvalorização pessoal estão
os casos de pseudo au-toestima elevada, ou seja, pessoas que,
na verdade, têm uma baixaestima de si próprias e
tentam compensar isso com uma falsa imagem, formada a partir de
valores ou potencialidades não legítimas. "´É
importante lembrar que quando falo em elogiar, valorizar e ajudar
o outro a perceber os seus potenciais, competências e valores,
isso deve ser feito com base na verda de. Ninguém descobre
ou recupera a autoestima com blefes ou mentiras.
Essa
pseudo valorização também é muito
preocupante, porque acaba afas tando a pessoa da possibilidade
da automelhoria e do desenvolvimento pessoal", explica. Outro
aspecto considerado prejudicial à autoestima é a
comparação entre as pessoas. "Cada um é de
um jeito. Por isso, não pode-mos apontar que um faz isso
bem e o outro não. A única comparação
válida é aquela feita com a gente mesmo, ou seja,
comparar o que fomos no pas sado e como somos hoje, sempre procurando
enxergar as mudanças e me lhorias", afirma Alexandre.
Aspectos
motivacionais
A
autoestima está intimamente ligada aos aspectos motivacionais
de cada um, ou seja, aquilo que buscamos ou queremos. No entanto,
o ser humano passa por várias etapas ao longo da vida,
tendo suas motivações modifica das de acordo com
cada fase. "A adolescência, por exemplo, é a fase
do estabelecimento da identidade, da autoafirmação
entre amigos e família e da emancipação social.
Já na fase adulta, busca-se construir uma família,
ter filhos e iniciar uma carreira profissional mais sólida.
Na
idade madura isso muda, pois é a etapa da experiência,
da sabedoria e da contribuição com as novas gerações.
Cada momento tem características próprias e, por
isso, a autoestima e valorização pessoal têm
aspectos dife rentes, pois os objetos de conquista e motivação
se transformam. É preciso entender essas diferenças
em cada faixa etária, respeitando os objetivos de cada
um", explica.
Um
mal que tem cura
Para quem encontra dificuldades em desenvolver uma boa autoestima
sozi-nho, o ideal é contar com a ajuda de profissionais
especializados. "A baixa estima é perfeitamente tratável.
O trabalho da psicologia e da psicoterapia contribuem para a pessoa
mudar a percepção de si mesma, descobrindo qualidades
e oportunidades que antes não enxergava.
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